Lembro-me de ter lido um post emocionante (emocionante não é bem a palavra ideal para descrevê-lo, mas tudo bem...), em algum blog desses que a gente acaba indo parar meio sem querer, depois de clicar em um link, em outro, em outro e em outro ad infinitum.
O autor do blog comparava uma situação do filme de ficção científica "A.I - Inteligência Artificial", projeto de Kubrick e Spielberg, com uma sensação particular experimentada pelas almas mais sentimentalóides.
Para quem não viu, no filme, passado em um futuro não muito distante, o ator mirim prodígio, Haley Joel Osment, (uma espécie de Dakota Fanning dos anos 90) interpreta o protagonista David, um tipo especial de robô projetado para ter sentimentos reais. Apesar de ser um menino-robô, David apresenta a aparência ingênua de uma criança adorável e acaba sendo adotado por um casal que perdera recentemente seu filho.
Em uma cena especialmente metafórica, Monica, a mãe adotiva de David, "ativa" os sentimentos do filho-robô. Para que o garoto David passase a ter a "sensibilidade" natural de todo ser-humano, Monica deveria dizer uma seqüência de palavras desconexas: "Cirro, Sócrates, partícula, decibel, furacão, golfinho, tulipa."
Assim que Monica termina de falar, a expressão facial de David muda radicalmente; de robozinho anestesiado e indiferente passa a menininho carente e apaixonado. Desse jeito, em menos de um minuto, o robô David desenvolve uma espécie de amor obsessivo materno, se aproximando ainda mais de um tipo de "humanidade".
O mais interessante no blog era a comparação da situação vivida por David no filme com momentos em que vivenciamos uma experiência "semelhante" na vida. Todos somos um pouco David e isso é assustador!
O amor pode ser desencadeado naquele momento exato em que a pessoa fala uma seqüência de p
alavras que nos atinge diretamente... "Bossa Nova, café, retiro, Manoel Bandeira, estrela, Petrópolis.", pode ser a sua senha, por exemplo. Basta que a pessoa pressione os pontos certos que afetam o seu "circuito robótico sensível". Pronto! Os sentimentos foram ativados. O robô David que vive dentro de nós está amando! Logo, adquiriria instantaneamente aquele olhar perdido, meio bobo-alegre.
Afinal, o que é o amor senão as palavras certas, ditas no timing certo?
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Lendo "Um Beijo de Colombina", da escritora Adriana Lisboa, vi um trecho que se encaixa um pouco no que tentei expressar:
"O amor, se existe, não é uma entidade. O amor é um milhão de pequenas coisas. Não é possível ter uma idéia genérica do que é o amor ou procurar dicionarizá-lo. O amor é uma flor murcha, um marcador amarelo de textos, um disquete de computador, uma chave de fenda, um quadro de avisos onde se espeta um bilhete, um peso de papel azul que reproduz um globo terrestre, uma cama desfeita ao meio-dia e um copo d'água pela metade, folhas secas que o vento varreu para dentro de casa, um vulto sombrio nos olhos por causa de uma discussão com alguém, a pequena escultura mexicana de um pássaro, guardanapos de papel sobre a mesa-de- cabeceira, alguém que martela um prego em outro apartamento, uma lista telefônica aberta, mais nada."
(LISBOA, Adriana. - "Um Beijo de Colombina". Rio de Janeiro, Rocco. p. 28)

Para quem não viu, no filme, passado em um futuro não muito distante, o ator mirim prodígio, Haley Joel Osment, (uma espécie de Dakota Fanning dos anos 90) interpreta o protagonista David, um tipo especial de robô projetado para ter sentimentos reais. Apesar de ser um menino-robô, David apresenta a aparência ingênua de uma criança adorável e acaba sendo adotado por um casal que perdera recentemente seu filho.
Em uma cena especialmente metafórica, Monica, a mãe adotiva de David, "ativa" os sentimentos do filho-robô. Para que o garoto David passase a ter a "sensibilidade" natural de todo ser-humano, Monica deveria dizer uma seqüência de palavras desconexas: "Cirro, Sócrates, partícula, decibel, furacão, golfinho, tulipa."

O mais interessante no blog era a comparação da situação vivida por David no filme com momentos em que vivenciamos uma experiência "semelhante" na vida. Todos somos um pouco David e isso é assustador!
O amor pode ser desencadeado naquele momento exato em que a pessoa fala uma seqüência de p

Afinal, o que é o amor senão as palavras certas, ditas no timing certo?
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Lendo "Um Beijo de Colombina", da escritora Adriana Lisboa, vi um trecho que se encaixa um pouco no que tentei expressar: